sábado, 22 de dezembro de 2012

Racismo Futebol Clube

Torcedores do Zenit vibram nas arquibancadas. Ele alegam que não são racistas. Foto: Getty

Mais uma vez a sombra do racismo assola o futebol europeu. Mais precisamente na Rússia. Os torcedores do Zenit São Petesburgo divulgaram uma carta na internet se colocando contra atletas negros e gays, como forma de manter a tradição no clube. Abaixo, um trecho do texto dos russos.

“Não somos racistas, mas para nós a ausência de futebolistas negros no plantel do Zenit é uma importante tradição que reforça a identidade do clube. Somos a equipe mais ao norte das grandes cidades europeias e nunca tivemos vínculos com a África, a América Latina, Austrália ou Oceania. Não temos nada contra habitantes destes continentes, mas queremos que joguem no Zenit atletas afinados com a mentalidade e o espírito da equipe”. 

Ora, será que essa atitude não é racista? Isso não tem nada a ver com valorizar os atletas das categorias de base do clube. E sim, significa que “não quero você no meu time, pois você não tem a cor das pessoas ao meu redor”. Racismo puro!

Tal assunto não se restringe apenas na Rússia. Em grandes centros do futebol europeu, já ocorreram casos de racismo. Alguns deles marcaram (ou mancharam) o velho continente.

No confronto entre Porto e Manchester City, pela atual edição da Europa League, as duas equipes acusaram a torcida adversário de atitudes racistas, em fevereiro de 2012. No jogo de ida, em Portugal, os ingleses relataram ofensas contra Yaya Toure e Mario Balotelli. Na volta, na Inglaterra, foi a vez de os portugueses reclamarem de racismo de torcedores contra o brasileiro Hulk.

Caso Suárez x Evra alimentou ainda mais as discussões sobre o racismo no futebol europeu. Foto: Reuters  

Em outubro de 2011, o uruguaio Luis Suárez foi acusado de ter falado palavras racistas ao francês Evra, durante clássico entre Liverpool e Manchester United, pelo Campeonato Inglês. Suárez negou que tenha ofendido Evra, mas a FA acabou punindo o atacante do Liverpool com oito jogos de suspensão.

O italiano Mario Balotelli, de origem ganesa, foi ofendido por gritos racistas da torcida da Juventus, quando ainda atuava pela Inter de Milão, em abril de 2009. Como punição, a equipe de Turim teve que jogar com portões fechados na partida seguinte em seu estádio.

Em fevereiro de 2006, o camaronês Samuel Eto'o, então no Barcelona, ficou bastante irritado com as manifestações racistas da torcida do Zaragoza. Os torcedores imitavam macacos nas arquibancadas, Eto'o ameaçou abandonar a partida, mas foi convencido pelos companheiros e pelo árbitro a seguir em campo. 

As autoridades máximas do futebol (Fifa e Uefa) deveriam agir com rigor, punindo severamente as equipes que cometerem tais atos estúpidos. É preciso dar um basta nas punições leves que as entidades costumam dar, como multas ridículas de alguns milhares de dólares.

A Rússia está em evidência. Afinal, o país será sede da Copa de 2018, o que obriga debates mais rigorosos quando o assunto é a luta contra o racismo no mundo futebolístico. As autoridades locais deveriam agir também com veemência. Mas, para eles, este problema parece ser uma coisa natural, que não merece discussão.

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